Às 8:58h desta segunda (22), pousou no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, o voo GLO2002, procedente de Juiz de Fora, na Zona da Mata, operado pela aeronave Boeing 737-73S matrícula PR-GIG da Gol Linhas Aéreas, marcando a retomada dos voos comerciais de grande porte na capital mineira.
A maioria dos passageiros tinha como destino o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O voo com escala em Juiz de Fora foi uma alternativa da empresa para continuar oferecendo a rota entre as capitais após decisão do Ministério dos Transportes de continuar a restrição de voos entre estados.
O voo de retorno GLO2001 decolou 9:42h para o aeroporto da Zona da Mata (IZA).
Desde de 2007 aeroporto não recebia voos de grande porte
Desde 2007, o Aeroporto da Pampulha não recebia um avião de grande porte. Em 2005, uma reunião entre Infraero, Departamento de Aviação Civil (antigo DAC, atual ANAC), companhias aéreas e o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves e na época o prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, decidiram que os voos da Pampulha fossem transferidos para Confins.
Dois anos depois, a Anac publicou a portaria 993 que limitou a operação de aeronaves de grande porte na Pampulha.
Moradores da Pampulha reprovam volta dos voos
A manutenção dos grandes voos da Gol não agradou os moradores da região, que apostam na Justiça para conseguir barrar novamente os aviões na Pampulha. Para o membro da Associação dos Moradores do Jaraguá e Dona Clara, Rogério Carneiro de Miranda, a criação de uma conexão para as viagens foi uma tentativa de “forçar a barra”. “É uma jogada política, o que estão fazendo é forçar a barra para mostrar que eles podem trazer voos para a Pampulha”, avalia.
Segundo o morador, por enquanto são poucos voos diários mas a tendência é aumentar. “Esse voo é mais caro e não é tão atrativo porque tem que fazer escala em Juiz de Fora, o que a Gol está fazendo é tentar forçar a liberação do voo direto. Vamos esperar que a Justiça volte a se manifestar impedindo isso”, disse Rogério Miranda. A questão deve ser decidida a partir de fevereiro, com a volta do recesso do Judiciário, em ações da associação dos moradores e da BH Aiport (Concessionária do Aeroporto de Confins), que tramitam na Justiça.
Questão ambiental
O interlocutor da associação de moradores diz que o principal problema da volta dos voos é a falta de licença ambiental e não foi considerado na decisão do Tribunal de Contas da União que barrou os percursos não regionais. Ele lembra que há decisão da Anac permitindo voos por aeronaves grandes, mas foi desconsiderada a questão ambiental, em especial a da poluição sonora.
“O regulamento da aviação 161 (RBAC) fala claramente que se existir população vivendo dentro da curva de até 65 decibéis do aeroporto é preciso ter um plano específico de redução de ruído. Eles teriam de se ajustar com ações como oferecer janelas acústicas ou abafadores para a população imediatamente prejudicada” diz Miranda.
ANAC diz que voos foram autorizados
Em nota, a ANAC informou que “os voos que não podem ser realizados de e para o terminal da Pampulha são aqueles que ligam diretamente aeroportos que movimentam mais de 600 mil passageiros/ano. Voos entre estes aeroportos só poderão ser feitos com escala ou conexão em algum aeroporto regional. Portanto, sobre o voo mencionado, não há nenhum descumprimento em relação a legislação vigente. Ressaltamos, ainda, que este mesmo voo foi autorizado pela Agência”.