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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Qui Mai 25, 2017 12:23 pm

LaMia estava com seguro suspenso e não podia voar para a Colômbia, revela CNN

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A emissora norte-americana CNN revelou nesta quinta-feira que a apólice de seguro contratada pela LaMia, empresa aérea que conduzia a delegação da Chapecoense no trágico acidente que deixou 71 vítimas em novembro do ano passado, não estava em vigor na época do voo e não cobria voos para a Colômbia.

De acordo com documentos obtidos pelo canal de notícias, a apólice da LaMia venceu no início de outubro por falta de pagamento. Além disso, o contrato que a empresa boliviana obteve não cobria viagens para a Colômbia. O país aparecia em uma cláusula de exclusão no contrato, que incluía também países como o Peru, Afeganistão, Síria e Iraque.

Mesmo ciente de que não poderia realizar voos com destino à Colômbia, a LAMia conseguiu oito autorizações para ir ao país desde que a apólice de seguros foi assinada, em abril de 2016.

Segundo Fredy Gutierrez, advogado colombiano entrevistado pelo site da CNN em espanhol, tanto a Bolívia, de onde o avião da LaMia levantou voo, quanto a Colômbia, podem ser punidas por terem autorizado a viagem:

"O que vejo neste caso é uma dupla omissão, tanto das autoridades de onde saiu o voo quanto das autoridades de onde ele deveria chegar. Então, por ter havido um acidente, os familiares podem processar esses dois países", afirmou o advogado.

A reportagem cita ainda que a legislação boliviana prevê que as autoridades dos aeroportos poderiam suspender a empresa se encontradas irregularidades na apólice de seguros. Já as leis da Colômbia têm prerrogativas que controlam a documentação das aeronaves que chegam e saem do país, inclusive apólices que não cobrem o seu território. Ambas as regras foram infligidas na ocasião do acidente.
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Sex Mai 26, 2017 8:50 pm

Bolívia garante que avião da LaMia acidentado na Colômbia tinha seguro

La Paz, 26 Mai 2017 (AFP) - O governo boliviano assegurou que o avião da LaMia, que sofreu um acidente na Colômbia deixando 71 mortos, a maioria membros da Chapecoense, contava com a cobertura de seguro e esclareceu que verificará a documentação a respeito.

"Tinha um seguro vigente até o próximo ano e essa é a documentação que verificamos", afirmou o ministro de Obras Públicas e Transporte, Milton Claros, citado pela rádio Fides.

As afirmações do ministro correspondem à informação entregue na quinta-feira pela empresa Bisa Seguros e Resseguros, que indicou que a LaMia "não tinha cobertura de seguro", sem explicar as razões. A emissora internacional CNN revelou, citando documentos da Bisa, que a apólice estava suspensa pela falta de pagamento quase um mês antes do acidente, ocorrido em novembro de 2016.

A LaMia sofreu uma intervenção pela Promotoria. Um de seus donos, o piloto Miguel Quiroga, faleceu no acidente, e o outro supostamente se encontra no Paraguai. A companhia aérea operava com aviões alugados e o único ativo era o do acidente.

No entanto, a Bisa estabeleceu um "fundo de assistência humanitária" para as famílias dos falecidos e para os sobreviventes, "sem nenhuma admissão de responsabilidade", de acordo com a empresa.

O ministro Claros recordou que o governo fez uma investigação e que "verificou a documentação e tomou as atitudes contra os que tinham responsabilidades", principalmente uma dezenas de funcionários da Aasana (Administração de Aeroportos e Serviços à Navegação Aérea) e da Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC).

"Vamos verificar" a última informação, afirmou a autoridade.
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Dom Mai 28, 2017 2:31 pm

Seguradora diz que LaMia não pagou apólice de avião de tragédia da Chapecoense

Os documentos apresentados pela seguradora mostram que a apólice acertada pela LaMia estava suspensa no dia do acidente. A Bisa ainda apresentou uma carta enviada à companhia aérea em outubro de 2016 avisando sobre a suspensão da cobertura por falta de pagamento (a tragédia ocorreu no mês seguinte).

Outra apólice foi renovada pela empresa em abril de 2016, mas na cláusula sobre os países cobertos pelo seguro não consta a Colômbia, local do acidente da Chapecoense. Peru, países da África, Síria, Afeganistão e Iêmen aparecem como os destinos com cobertura garantida.

Segundo as leis vigentes na Bolívia, a Agência Nacional de Aviação Civil é responsável por verificar a validade dos seguros e impedir que companhias aéreas sem apólices vigentes possam operar.

"A Agência Nacional de Aviação Civil tem, no exercício de seus poderes como máxima autoridade aeronáutica, a atribuição de fiscalizar estas irregularidades e inclusive suspender as atividades da companhia que não mantém seguro em dia segundo as regras estabelecidas. A autoridade da aviação civil também tem a prerrogativa de controlar os voos que chegam e partem dos aeroportos nacionais com a documentação em dia e com a cobertura do seguro para os países inseridos nas rotas de voo", diz a legislação do país.

Em 2017, familiares das vítimas tiveram reunião com representantes da seguradora em Florianópolis. De acordo com os parentes das vítimas, foi oferecido um acordo de cerca de US$ 200 mil (R$ 640 mil) para que o processo fosse encerrado - quantia que foi rejeitada.

O acidente que vitimou a delegação da Chapecoense ocorreu em novembro de 2016 e matou 71 pessoas. Apenas seis pessoas sobreviveram à tragédia: os jogadores Alan Ruschel, Neto e Jackson Follman, o jornalista Rafael Henzel e dois membros da tripulação.
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Ter Mai 30, 2017 1:28 pm

Diretor da LaMia assume culpa por crime em acidente com avião que levava a Chapecoense

O diretor da companhia aérea LaMia, Gustavo Vargas Gamboa, se declarou culpado por um dos quatro crimes de que é acusado pelos investigadores do acidente do avião que transportava a delegação da Chapecoense para a Colômbia, em novembro do ano passado, informa a imprensa da Bolívia neste domingo.

A defesa de Vargas Gamboa apresentou, em abril do ano passado, uma proposta de acordo aos promotores que averiguam o caso na Bolívia, em que aceita a admissão de culpa por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. O diretor da LaMia pede para ser condenado por dois anos de prisão, detalha o jornal "El Deber".

O acusado está detido preventivamente em Palmasola, no departamento de Santa Cruz, desde dezembro, e quer que o acordo o deixe imune de ser julgado por lesões gravíssimas, lesões culposas e desastre em meio de transporte.

O advogado de Vargas Gamboa, Jerjes Justiniano, afirmou que a decisão foi tomada pelos problemas de saúde que o diretor sofre.

"Só lhe funciona um rim. Ele teve três infartos, tem pressão arterial alta e precisa receber doses diárias de insulina. Prefere que o condenem e que possa sair da prisão para ser tratado", disse o responsável pela defesa, ao "El Deber".

O Ministério Público da Bolívia ainda não respondeu a proposta de acordo apresentada.

O avião da LaMia que levava a delegação da Chapecoense, além de jornalistas e convidados para a Colômbia, onde aconteceria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, colidiu com uma colina após ficar sem combustível. A tragédia matou 71 dos 77 passageiros do avião.

Além de Vargas Gamboa, também está preso o ex-supervisor de tráfego aéreo da Administração de Aeroportos e Serviços à Navegação Aérea (Aasana) Joons Miguel Teodovich.

Também está detido o filho do diretor da LaMia, Gustavo Vargas Villegas, era diretor do Registro Aeronáutico Nacional da Direção de Aeronáutica Civil, que autorizou, em 2014, a importação e matrícula provisória do avião da companhia aérea.

A companhia Bisa Seguros e Reaseguros informou nesta quinta-feira que a queda do avião de LaMia não tem cobertura de seguro. Os sobreviventes e os familiares das vítimas, no entanto, podem pedir ajuda a um fundo de cooperação que foi criado para atendê-los.

A emissora americana "CNN" exibiu em reportagem que uma carta enviada pela seguradora aos gerentes da companhia aérea, informava que a "apólice estava suspensa por falta de pagamento desde outubro" de 2016. Ou seja, o seguro não estava em vigor no momento da tragédia.

A Bisa divulgou que a apólice para a tripulação está sendo paga de forma normal, com US$ 150 mil (R$ 489 mil) para cada tripulante morto, além de ter destinado US$ 25 mil (R$ 81,5 mil) para cada sobrevivente custear as despesas médicas.

As autoridades da Bolívia, por sua vez, garantem que a apólice estava em dia, sim, no dia da queda da aeronave.
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Qua Abr 18, 2018 12:37 pm

Após um ano ano e cinco meses, nenhuma família das vítimas do acidente com o avião que levava os jogadores da Chapecoense recebeu indenização da empresa seguradora ou da companhia aérea responsável pelo voo. Sem nenhuma perspectiva a curto prazo, o advogado da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense, Eduardo Lemos Barbosa, informou que ingressará, até o próximo mês, com um processo contra a seguradora boliviana Bisa e a companhia aérea Lamia.

Barbosa disse que, inicialmente, entrou com uma ação trabalhista contra o time da Chapecoense e agora vai processar também a seguradora e a companhia aérea. "O que aconteceu lá (tragédia na Colômbia) foi um acidente de trabalho clássico. Estamos processando o empregador. Alguns são (empregados) da Chapecoense, outros são da imprensa. E também a responsabilidade civil por acidente aéreo, no caso, a (companhia aérea) Lamia e sua seguradora. Estamos entrando com esses processos (contra a Lamia e a Bisa) até meados de maio", disse o advogado da Associação.

O trágico acidente que matou 71 pessoas, entre atletas e membros da Chapecoense, tripulantes e jornalistas, ocorreu em 29 de novembro de 2016. Seis pessoas sobreviveram, quatro brasileiros e dois bolivianos. O avião, que levava a equipe para disputar a final da Copa Sul-Americana caiu quando se aproximava do aeroporto de Medellin, na Colômbia.

A assessoria de imprensa da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense informou que algumas famílias, sem citar quantas, entraram em acordo com o clube sobre a ação trabalhista. A assessoria ressaltou, entretanto, que nenhuma família aceitou o acordo proposto pela empresa aérea e pela seguradora.

A empresa boliviana Bisa tentou acordo com os familiares oferecendo US$ 200 mil por meio de um Fundo de Assistência Humanitária. As famílias não aceitaram o acordo, que além de ter o valor questionado também impediria novas ações judiciais contra a seguradora e a companhia aérea. "O processo de indenização infelizmente está parado. As indenizações referentes à companhia aérea, infelizmente não conseguimos avançar em nada. É uma questão preocupante. Tem prazos. Mas a associação, em si, tem trabalhado fortemente nessa questão", disse a presidente da associação, Fabeanne Belle.

Segundo ela, o pagamento pela apólice de seguro foi negado por exclusão geográfica. "Eles propuseram às famílias o pagamento do valor por meio de um fundo monetário, mas para isso eles querem a quitação total para dono de aeronave, para governo, para seguradora, resseguradora. Eles querem que você abra a mão de seus direitos a fim de receber um valor muito abaixo do que seria o valor da apólice", disse Fabeanne.

O advogado relata que muitas das famílias vivem atualmente com dificuldades financeiras. "Há famílias com situação de problema alimentar. Pedimos liminares ao juiz para atender emergencialmente aquelas necessidades, algumas vezes a gente consegue. Outras, incrivelmente a gente não consegue. É a nossa luta na Justiça", disse Barbosa, ressaltando o fato de o acidente ter ocorrido fora do país. "A Lamia é uma companhia que nem existe mais", lembrou.

Um projeto de lei em tramitação no Senado discute o pagamento de uma pensão especial às famílias das vítimas do acidente aéreo do voo da Chapecoense. A proposta é pagar o benefício até o término do processo com a seguradora. "Essa é uma bandeira que a associação levantou porque grande parte das famílias dependia do seu ente querido para sobreviver. Existiam pessoas em diferentes fases profissionais. Existiam pessoas que estavam iniciando a carreira e existiam aqueles profissionais que eram do operacional e que recebiam salários pequenos, baixos. E essas famílias ficaram financeiramente desamparadas e tem muitas passando por necessidade", disse Fabeanne.

A Associação também aguarda o resultado das investigações na área criminal. "Não foi permitido que tivéssemos acesso a qualquer tipo de informação sobre essas investigações", disse Fabeanne, ressaltando que alguns prazos da investigação acabam quando o acidente completar dois anos, portanto em 29 de novembro deste ano.

Fonte: JCRS
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Ter Fev 26, 2019 11:19 am

Dono de avião da Lamia entra na justiça contra a Colômbia

Cerca de US$ 11 milhões (R$ 41 milhões) é o que o empresário venezuelano Ricardo Albacete, dono do avião da LaMia que transportava a delegação da Chapecoense para Medellín, espera receber do Estado Colombiano. Ao todo, 71 pessoas perderam a vida no acidente aéreo.

Albacete alega, perante o Tribunal Superior de Cundinamarca, que a Aeronáutica Civil (Aerocivil) cometeu irregularidades ao deixar a aeronave entrar no país, porque não tinha as licenças necessárias para voar. Assim, o empresário rejeitou a falta de combustível como a principal causa do acidente.

Outra razão pela qual a Albacete tomou a decisão de registrar uma queixa contra a Colômbia é porque, até o momento, não recebeu indenização das seguradoras.

Nesta semana, uma audiência de conciliação entre as seguradoras e a companhia aérea Lamia foi suspensa pela terceira vez, de acordo com o jornal boliviano El Deber, em um processo que ocorre desde novembro passado.

A reclamação

Além de pedir para reabrir a investigação, argumentando que há contradições no relatório final do acidente da Aeronáutica Civil, Albacete afirmou que o controlador do aeroporto de Rionegro deu más instruções que, somadas ao ato imprudente da tripulação, causaram o acidente.

Em entrevista ao Noticias Uno (televisão colombiana), o proprietário do avião naufragado (e outros dois que estão sendo mantidos pelas autoridades na Bolívia), explicou que as manobras erradas causaram o desligamento dos motores.

“A aeronave tinha combustível, mas perde na operação irracional que ele (o piloto) fez, prestando atenção ao controlador para descer rapidamente”, disse ele.

Resposta da Aerocivil

Por meio de uma declaração, a Aerocivil respondeu às críticas do empresário e defendeu o relatório final do acidente, que foi preparado com a participação de especialistas do Reino Unido, dos Estados Unidos, da Bolívia, do Brasil e da Colômbia.

Naquele documento, concluiu-se que havia falhas no planejamento do voo por Lamia e a tripulação, bem como outras razões que impediam receber apoio e evitar o acidente.

A Aerocivil prepara a defesa diante da demanda e indicou que não responderá em outro lugar que não esteja nos estrados judiciais, mas tem a certeza que a justiça apoiará as ações tomadas pela organização.

Contexto

No resumo do relatório final do acidente, apresentado pelo Aerocivil em agosto de 2017, as principais causas da tragédia do voo 2933 de Lamia estão concluídas. Segundo o documento, foi o mau planejamento da companhia aérea para um voo internacional, porque não contemplou a quantidade necessária de combustível, nem de reserva, para evitar um acidente. Como resultado, os quatro motores foram desligados, o que, como circunstância agravante, teve o desempenho imprudente da tripulação que não relatou a exaustão do combustível a tempo, causando o acidente.

Fonte: Estacao 104
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Dom Jun 30, 2019 6:03 pm

Colômbia contesta conclusão de investigação da Bolívia sobre LaMia

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A Aeronáutica Civil da Colômbia contestou os resultados das investigações de órgãos similares da Bolívia sobre o acidente do avião da LaMia, em 29 de novembro, que caiu nas proximidades do aeroporto de Medellín, causando a morte de 71 pessoas, entre elas 19 jogadores da Chapecoense, dirigentes, jornalistas e tripulantes.

Órgãos responsáveis colombianos disseram que seus pares da Bolívia não têm autonomia para divulgar e concluir pareceres oficiais e conclusivos sobre este que foi o maior acidente da história envolvendo um time de futebol. Isso não competiria a eles.

“A Bolívia não tem faculdade, não tem a competência para dar resultados oficiais de investigação. O país que comanda esse trabalho é a Colômbia”, disse o diretor da entidade Alfredo Bocanegra. “Com todo o respeito à Bolívia, queria entender que isso foi um ato de imprudência, uma indelicadeza.”

Nas conclusões dos órgãos competentes bolivianos, ficou estabelecido que o acidente foi provocado por falta de combustível na aeronave por responsabilidade da empresa LaMia e do seu piloto, morto no acidente. A Colômbia prometeu para segunda-feira a apresentação de um relatório preliminar oficial sobre a tragédia.

Fonte: Agencia Estado
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Ter Set 10, 2019 11:55 am

E-mails mostram que LaMia e corretora sabiam de proibições em voo da Chapecoense

Uma série de e-mails trocados entre a proprietária da companhia aérea LaMia, a venezuelana Loredana Albacete, e o corretor de seguros da AON, o britânico Simon Kaye, demonstram que ambos sabiam das proibições para as operações da empresa boliviana que transportou a Chapecoense no fatídico voo que caiu no morro Cerro Gordo, em Medellín, na Colômbia, vitimando 71 pessoas em novembro de 2016.

Um dos exemplos ignorados por ambos é a proibição de que voos fretados sobrevoem o espaço aéreo da Colômbia. Além disso, as mensagens trocadas indicam favorecimentos políticos, desdém com a tripulação e um contato próximo com "aquela que cuida dos clubes de futebol".

Os e-mails estão numa série de documentos disponibilizados ao Senado Federal e obtidos pelo UOL Esporte que demonstram que a companhia aérea tinha seguro para a aeronave, a despeito das famílias ainda não terem recebido os valores sobre o acidente. Em um dos trechos, a negociação entre Loredana Albacete e Simon Kaye demonstra que a LaMia contava com uma série de voos futuros para convencer a AON a assegurar a nave. Apesar de ser uma corretora, a Aon foi a responsável pela apólice do seguro a partir de fundos vindos de Londres.

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"Odeio pressionar você com tempo quando eu tenho atrasado nas respostas, mas não tenho opções. Vamos ter de assinar o contrato na segunda para a viagem de 10 de abril. (...) Espero que você entenda. É um cliente com alto potencial para nós. Eles lidam com todos os times de futebol e a temporada está começando", escreve Loredana. A referência é à Off Side Logística, empresa sediada no Rio de Janeiro que intermediou negociações com a Chapecoense e outros clubes. A viagem citada não ocorreu: era para o The Strongest ir para a Venezuela, mas o seguro não saiu a tempo.

Outro cliente perdido foi o Rosário Central, que iria viajar para Medellín em maio de 2016. A Colômbia proíbe que voos fretados sobrevoem seu espaço aéreo por temor de atos terroristas de grupos guerrilheiros contra essas aeronaves e, a partir disso, as companhias seguradoras não fazem apólices para aeronaves que sobrevoam o destino. Mas a LaMia conseguiu, mesmo com e-mails avisando que a Colômbia seria destino frequente. Ainda em abril, a AON, por meio de Kaye, dava sinal verde para a cobertura da nave:

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"Querida Loredana, obrigado pelo seu e-mail. Vamos proceder para formalizar a indicação, obtivemos suporte da cobertura aérea", diz a resposta, discutindo ainda uma queda no valor da cobertura, para que houvesse redução no custo da apólice: "Vamos investigar se tem alguma redução significante na cobertura entre US$ 25 milhões e 50 milhões, então você pode decidir qual o valor a comprar". O texto de Kaye ainda faz alertas sobre voos para os EUA, mas não cita o espaço aéreo colombiano. No mesmo texto, o agente da corretora AON sugere retirar a cobertura de seguro da tripulação, o que não foi aceito por Loredana.

Pouco depois, nova resposta da proprietária da LaMia:

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"Queridos. Obrigado pelos esforços gentis para uma solução viável em pouco tempo. Afortunadamente, estamos aptos a obter as permissões para voarmos Venezuela e Bolívia sem os certificados", afirmou. Ela ainda contestou o valor da cobertura, tentando baixar o preço da apólice: "Eu acho US$ 50 milhões muito. Amigos da aviação que fazem América do Sul trabalham bem com US$ 25 milhões de limite".

As trocas de mensagens demonstram que a empresa tinha influência política para convencer os clubes a voarem com sua aeronave. Até então desconhecida, a LaMia transportou desde a Argentina de Messi até a Chapecoense no voo que nunca pousou na Colômbia. Apesar dos diálogos demonstrarem que a AON sabia que a LaMia circulava em espaço aéreo colombiano, a empresa britânica hoje usa a proibição de voos fretados para aquele país como um dos argumentos para negar dialogar com as famílias das vítimas para o pagamento de uma indenização.

Além disso, a negociação pela apólice que viria a ser respaldada pela AON com corretagem da Bisa demonstra que havia facilitação na decolagem da aeronave à partir da Bolívia e que a redução no valor da cobertura serviu para apressar a emissão da apólice.

Governos da Colômbia e da Bolívia se eximem de culpa e recusam dialogar

Com base nas mensagens fornecidas pela própria família Albacete, proprietária da LaMia, as famílias que perderam entes queridos no acidente da Chapecoense agora cobram responsabilização dos governos colombiano, boliviano e da AON, Bisa e Tokio Marine Kiln - esta, resseguradora sediada na Inglaterra e citada como responsável pelo pagamento de uma espécie de "fundo humanitário" oferecido para as famílias no valor de US$ 225 mil para cada família, um valor diferente dos US$ 300 milhões que as famílias pleiteiam mediante o valor padrão de uma apólice aérea.

"A AON renova as apólices desde 2012, conhece o mercado de aviação, vinha com limite de 300 milhões de dólares e troca por uma de 25 milhões por qualquer motivo. Pense que o avião tivesse caído na cidade: US$ 25 milhões não cobrem as responsabilidades, já não cobre apenas com os passageiros; a AON conhece o risco, é a assessoria para seguros do cliente e oferece uma apólice menor", argumenta Abel Dias, consultor especialista em seguros contratado pela AFAV-C (Associação das Famílias de Vítimas do Acidente da Chapecoense).

As famílias já convidaram as partes para audiências públicas no Senado e na Câmara. Bolívia, Colômbia e AON não compareceram. A cobrança quanto aos governos vizinhos se dá pelo aceite do plano de voo, sabedores de que não há seguro para voo fretado rumo à Colômbia, além da própria irregularidade do planejamento de combustível. Paradoxalmente, mesmo assegurando a nave, a AON argumenta que não poderia assegurá-la pela mesma regra.

O UOL Esporte procurou o escritório da AON em Londres para comentar o caso. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa se manifestou dizendo que "A AON atuou somente como corretora de resseguros, ou seja, intermediando e apoiando na colocação da proteção de resseguros para a companhia seguradora. Qualquer tratativa sobre indenizações e reclamações, e sobre as condições do programa de seguros, deve ser conduzida com o segurador do risco. A AON não comenta assuntos de clientes."

A "engenharia" envolve diversas empresas de seguros. A Bisa, corretora boliviana, buscou o apoio da AON para vender a apólice; a Tókio Marine Kiln aparece no documento citado acima como operadora dos valores do "fundo humanitário". "A corretora (AON) aceitou esse risco, recebeu a proposta e a emitiu. E nega o sinistro baseada na restrição territorial sabendo que tudo isso foi negociado, que iriam pagar. Sabiam que era usual voar para a Colômbia. Há uma culpa concorrente", argumenta Abel Dias. As trocas de mensagens e o aceite para o seguro demonstram que todos sabiam dos riscos de que o Voo 2933 decolasse em 28 de novembro de 2016, vitimando 71 pessoas.

Fonte: UOL
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Qui Dez 05, 2019 10:27 am

Mulher que assinou plano de voo de avião da Chapecoense alega ameaças e renova refúgio no Brasil

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A ex-funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia (Aasana) Celia Castedo Monasterio, que assinou o plano de voo da Chapecoense do avião da LaMia, que caiu na Colômbia em novembro de 2016 e matou 71 pessoas, renovou pedido de refúgio no Brasil por mais um ano, segundo o que informou a Polícia Federal nesta terça-feira (3).

Célia esteve na delegacia da PF em Corumbá, região do Pantanal, no dia 25 de novembro, para dar entrada no pedido. Ela mora na cidade desde dezembro de 2016, quando teve o primeiro pedido aceito pela justiça brasileira, após justificar que na Bolívia passou a ser perseguida após as declarações sobre o acidente aéreo.

Celia disse às autoridades bolivianas que alertou o representante da LaMia de que a quantidade de combustível era insuficiente e que não seria possível chegar a outro aeroporto no caso de uma emergência. As observações de Celia Castedo eram de que o tempo de voo era igual à autonomia do avião, que isso não era adequado, e que fazia falta um plano alternativo. A principal advertência se referia ao tempo de voo previsto entre Santa Cruz de La Siera e o aeroporto da cidade colombiana de Medellín (quatro horas e 22 minutos), que era o mesmo registrado para a autonomia de combustível que tinha a aeronave.

Com esse documento da renovação do pedido de refúgio, ela não pode ser presa pelo processo do avião enquanto estiver em território brasileiro. Mesmo se por acaso a Bolívia lançá-la na lista vermelha da Interpol, não pode ser presa antes do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, responder se vai aceitar ou não o refúgio dela.

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O refúgio é uma proteção legal que o Brasil oferece a cidadãos de outros países que estejam sofrendo perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, ou ainda, que estejam sujeitos, em seu país, a grave e generalizada violação de direitos humanos

O plano de voo do avião da LaMia, que transportou o time da Chapecoense, mostra que o piloto decolou da Bolívia para a Colômbia, sem combustível suficiente para enfrentar qualquer imprevisto. O plano é um documento que as empresas aéreas são obrigadas a apresentar antes da viagem, com informações como rota, altitude e autonomia do avião.

Fonte: G1
 
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Re: Acidente com avião da Chapecoense

Sáb Mar 14, 2020 6:47 pm

Dono da LaMia culpa controladora de voo por acidente com a Chapecoense

O empresário venezuelano Ricardo Albacete, dono da companhia aérea do acidente aéreo da Chapecoense, disse nesta quinta-feira, em Brasília, que a culpa da tragédia é de uma controladora de voo do aeroporto de Medellín, na Colômbia. Durante audiência pública na CPI do Senado que investiga o caso, Albacete afirmou que a funcionária em questão falhou ao não ceder prioridade para o time catarinense pousar e que os funcionários da LaMia foram “idiotas” ao calcular a quantidade de combustível para a viagem.

Em novembro de 2016, a Chapecoense fretou uma aeronave da companhia aérea boliviana LaMia para sair de Santa Cruz de la Sierra e viajar até Medellín para disputar a final da Copa Sul-Americana. O voo 2933 caiu perto do aeroporto de destino 15 minutos depois de o piloto declarar situação de emergência. O avião bateu em uma montanha e causou a morte de 71 pessoas.

Segundo Albacete, o problema foi que a controladora de voo do aeroporto, Yaneth Molina, recebeu o alerta de emergência, porém deu prioridade de pouso para outra aeronave. Com isso, o avião da Chapecoense não conseguiu aterrissar a tempo e por estar com falta de combustível, se acidentou a poucos quilômetros da chegada.

“Infelizmente a tripulação não insistiu com o controle aéreo e não declarou emergência de antemão. Seguiu fazendo minutos de espera. O outro avião também tinha pedido prioridade, mas não era emergência. O piloto da LaMia sabia a altura da aeronave, mas não sabia onde estava em relação à pista. O que ele fez? Procurou a pista, mas não tinha mais potência. A senhora Molina os matou”, disse Albacete.

O dono da companhia aérea reconheceu que a aeronave estava com pouco combustível, porém insistiu que a quantidade no tanque era suficiente para se fazer a viagem. Segundo Albacete, os próprios funcionários da LaMia cometeram o erro de não ter calculado uma quantidade extra de combustível para se ter como reserva em casos de emergência. Para ele, a tripulação “não cumpria exatamente as regras da aviação”.

“Havia pouco combustível. Infelizmente, eles (os funcionários) não seguiam as regras aí. Os tripulantes foram intrépidos, audazes. Nesse dia, infelizmente, eu os considero como idiotas”, afirmou. “O avião, quando estava a 16 mil pés de altitude poderia chegar, passar por cima da pista e dar uma volta de reconhecimento de voo. Infelizmente, a senhora Yaneth Molina os mandou para as montanhas”, completou.

Fonte: A Provincia do Pará

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