Gol acusada de receber pagamento de propina em troca de benefícios para a empresa
Um dos donos da empresa aérea Gol assinou acordo de delação premiada. Henrique Constantino admitiu pagamento de propina para políticos do MDB em troca de favorecimentos para a empresa, entre eles, o ex-presidente Michel Temer.
As informações foram publicadas no site do jornal “O Globo”. A delação foi assinada em fevereiro e validada pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em abril.
O empresário Henrique Constantino, um dos donos da Gol, admitiu pagamento de propina para políticos em troca de liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. Ele e outras 17 pessoas viraram réus em novembro de 2018, na Operação Cui Bono, que investiga fraudes na Caixa.
Segundo a ação penal, Constantino pagou R$ 7 milhões a políticos do MDB para obter financiamento de R$ 300 milhões do fundo de investimentos do FGTS para o grupo BRVias.
Além disso, também obteve liberação de uma cédula de crédito bancário de R$ 50 milhões para a Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários, uma outra companhia do grupo empresarial dele
O jornal diz ainda que o empresário apresentou “provas documentais como e-mails e trocas de mensagens” para comprovar as acusações.
Entre os nomes delatados por ele estão os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, além do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do ex-presidente Michel Temer, todos do MDB. Os quatro são réus em desdobramentos da Lava Jato.
Henrique Constantino contou que iniciou o relacionamento com o doleiro Lúcio Funaro, que também é delator, após receber informações de que o grupo poderia ajudar a destravar o financiamento de R$ 300 milhões na Caixa.
“Sobre a reunião em junho de 2012 em Brasília com Eduardo Cunha e Henrique Alves, o delator informou ainda que se reuniu com eles e o então vice-presidente Michel Temer, que foi solicitado pelo grupo o valor de global de R$ 10 milhões em troca de atuação ilícita de membros do grupo em diversos negócios, como foi o caso da operação da Via Rondon com o FI-FGTS”.
Constantino disse que “efetuou pagamentos para a campanha de Gabriel Chalita em 2012, que concorreu à prefeitura de São Paulo pelo PMDB, conforme combinado com o grupo”. A propina foi paga por meio de contratos fictícios de serviços que não foram prestados pelas empresas de Lúcio Funaro, segundo o delator.
Pelo acordo, Henrique Constantino se comprometeu a devolver à Caixa dez vezes o valor pago a Funaro - R$ 70 milhões. Os valores serão pagos até 2021 e uma parte será aplicada em projetos sociais.
O que dizem os citados
A defesa de Henrique Constantino disse que ele não pode se manifestar em razão do sigilo processual.
A defesa de Michel Temer disse que repele o que chamou de prática odiosa para perseguir o ex-presidente com base em relatos mentirosos, e declarou que Temer nunca cometeu crimes de nenhuma natureza.
A defesa do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves disse que as acusações são infundadas e que o ex-deputado não conhece, não conversou nem se reuniu com Henrique Constantino.
A defesa de Eduardo Cunha negou as acusações e disse que vai demonstrar a inocência dele na Justiça.
Gabriel Chalita declarou que os recursos para as campanhas dele vieram do partido e que nunca teve relação com Henrique Constantino ou Lúcio Funaro.
A defesa de Lúcio Funaro disse que a delação de Henrique Constantino confirma o que Funaro já havia delatado e que ele segue colaborando com a Justiça.
A Caixa Econômica Federal declarou que presta irrestrita colaboração com as investigações; disse ainda que as operações do banco obedecem a padrões rígidos de governança dentro da legislação.
O MDB não quis se manifestar.
O JN não conseguiu contato com a defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Fonte: G1