Sáb Set 02, 2017 1:26 pm
Obra na pista do aeroporto de Natal vai custar R$ 10 milhões
Quando o consórcio Inframérica, maior operadora aeroportuária do mundo, assumiu a administração do Aeroporto Internacional Aluízio Alves em 2014, não esperava ter gastos com a construção de pistas de pouso e decolagem. No entanto, apenas três anos após a entrega e abertura do aeroporto, considerado o “melhor do Brasil” dentre os terminais de médio porte pela Secretaria de Aviação Civil, parte da pista de pouso e decolagem está cedendo e, a partir do dia 11 de setembro, os voos noturnos do aeroporto ficarão suspensos por 30 dias, enquanto são realizados os reparos necessários.
Com as obras na pista, as companhias aéreas ajustaram as malhas aéreas para o período diurno, reprogramando os voos da noite para o período da manhã
Entre 11 de setembro e 10 de outubro, todas as operações do aeroporto vão se concentrar das 6h às 18h. No período noturno, as operações aéreas serão interrompidas para a realização das obras. A Inframérica optou por não fechar o aeroporto completamente durante os reparos, afirmando que a pista ainda é segura para pousos e decolagens. Para se adequar aos novos horários, as companhias aéreas ajustaram as malhas para o período diurno, reprogramando os voos da noite para o período da manhã.
Os voos internacionais, no entanto, serão suspensos durante esses 30 dias. As companhias aéreas vão conectar os passageiros com voos internacionais programados para outros aeroportos próximos, como o de Recife, de onde vão realizar a rota internacional. O motivo se deve à impossibilidade das grandes aeronaves, como é o caso da TAP que realiza os vôos Natal-Lisboa, de pousarem na pista taxiway, que será utilizada pelas outras aeronaves para pousos e decolagens durante a reforma.
Os problemas na pista foram identificados depois que ela foi utilizada por algum tempo, de acordo com a Inframérica. A falha foi observada na camada do asfalto, e caracterizada como um “vício oculto”, ou seja, invisível a princípio, mas perceptível após um período de uso. O reparo engloba a troca da camada de asfalto e uma nova pavimentação da pista, obras que deverão custar entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões .
O gasto com os reparos não era previsto. Normalmente, uma pista de pouso e decolagem é construída para ter, em média, uma durabilidade de 15 anos. “O acionista vai colocar esse dinheiro diretamente do capital próprio", afirmou o presidente do Consórcio Inframérica, Daniel Ketchibachian, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em junho deste ano.
O Consórcio, no entanto, pretende entrar com um pedido de compensação financeira pelo gasto. “Nunca imaginávamos que íamos refazer uma pista com três anos de utilização", disse Daniel Ketchibachian. No contrato inicial, a entrega das pistas de pouso e decolagem eram responsabilidade do poder concedente do Aeroporto: a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Apesar de ter entregado as obras com 7 meses antes do que estava previsto no contrato de concessão, a falha precoce na pista representa, para a Iframérica, um motivo para pedir a compensação à ANAC.
Procurada pela reportagem, a ANAC respondeu em nota que “Essa obra da pista do aeroporto de Natal não faz parte do objeto das obrigações previstas no contrato de concessão”, e afirmou que havia sido notificada pela Inframérica a respeito da necessidade de reparos, não tendo fornecido maiores informações a respeito de uma possível compensação financeira pela Inframérica, que terá que arcar com os custos da obra.
Histórico
O Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante - Governador Aluízio Alves foi o primeiro aeroporto privatizado do país. Sua construção foi pensada desde 1996, quando as primeiras desapropriações no terreno começaram a acontecer. O objetivo da criação do aeroporto era separar a aviação civil da militar, pois o antigo aeroporto de Natal, o Aeroporto Internacional Augusto Severo, pertencia originalmente à Força Aérea brasileira.
Sua construção foi marcada de polêmicas e atrasos. Entre 1997 e 2000, o terreno que seria destinado ao aeroporto foi terraplanado e cercado. Apesar disso, apenas em 2009 foram assinados os primeiros termos para a construção das pistas de pouso e outras infraestruturas do aeroporto. Em 2011, foi assinado o contrato de concessão do aeroporto ao Consórcio Inframérica, maior operadora privada de aeroportos do mundo.
Não foi até 2013, no entanto, com a aproximação da Copa do Mundo, que as obras ganharam prioridade e agilidade. Ele foi entregue no final do ano e passou a funcionar em maio de 2014. Nem com a conclusão das obras, no entanto, os debates a respeito da necessidade de construção do novo aeroporto e de seu custo, de R$ 792,55 milhões.
Inaugurado, o aeroporto apresentou um crescimento rápido e sem maiores problemas na operação. A descoberta das falhas no asfalto da pista de pouso e decolagem depois de apenas três anos de uso, no entanto, foram uma surpresa para a Inframérica. A Pista de pouso e decolagem do Aeroporto é de 3000 por 600 metros, feita para ter capacidade de receber a maior aeronave comercial do mundo: o Airbus A380. Até o momento, não há qualquer garantia de que o Consórcio, que terá de arcar sozinho com os custos da obra para reparar a pista que está “afundando”, vá receber algum tipo de compensação pela falha estrutural.
Números
- 359 voos vão sofrer impacto com a interrupção dos voos noturnos no aeroporto
- 170 voos serão suspensos pelas companhias LATAM, Gol e TAP durante o período
- 189 voos das companhias Gol, LATAM, Azul e Avianca vão sofrer alterações para adequarem seus horários ao novo funcionamento do aeroporto
Entenda a reforma do Aeroporto Internacional Aluízio Alves
Qual foi o problema identificado?
Foram identificados problemas estruturais no asfalto, após o uso constante da pista. O problema é chamado de “risco redibitório” ou “vício oculto”, que não aparece assim que a obra foi entregue, mas sim após alguns meses de uso. Na prática, apesar da Inframérica ter informado que a pista atualmente é segura, ela corre o risco de “afundar”, caso os reparos não sejam realizados.
O que será feito?
Entre os dias 11 de setembro e 10 de outubro, será feita a troca da capa asfáltica, e a pista receberá uma nova pavimentação, o que vai renová-la pelo período previsto de duração de uma pista de pouso e decolagem, que é de cerca de 15 anos.
Como ficará a situação de quem possuía voos noturnos marcados neste período?
As companhias aéreas estão realizando a remarcação dos voos que estavam programados entre as 18h e as 6h, horário no qual as atividades aéreas estarão suspensas. É importante que as pessoas procurem as suas companhias aéreas para conferir o novo horário de seus voos. Durante esse período, o aeroporto não fica fechado, apenas sem voos, portanto, se alguém estiver esperando uma conexão e chegar mais cedo, vai encontrar o aeroporto e todos os seus serviços funcionando normalmente nesses horários.
O que acontece com os voos internacionais?
Os voos internacionais estarão suspensos no aeroporto durante o período. Isso acontece porque todos os voos farão o pouso e a decolagem do taxiway, faixa da pista destinada para que o avião possa rolar para um hangar, terminal ou pista. Aeronaves de grande porte não podem pousar neste tipo de pista, o que é o caso dos voos da TAP, que faz o trecho Natal-Lisboa em Natal. Os passageiros de voos internacionais farão uma conexão com a Azul, que aumentou a malha para Recife e possui o mesmo dono da TAP, de onde deverão decolar para seus destinos internacionais.
O que acontece em caso de atraso de voos?
Se, durante a chegada ou a partida de Natal os voos atrasarem durante o período no qual a atividade aérea estaria suspensa, as próprias companhias aéreas serão responsáveis por encontrar alguma solução para os passageiros. Se o atraso ocorre durante o período da manhã ou da tarde, o pouso e a decolagem deve ocorrer normalmente.