Embarques e desembarques caem 15% no aeroporto Marechal Rondon
O movimento de passageiros no Aeroporto Internacional Marechal Rondon diminuiu aproximadamente 15% no ano passado. O número de embarques e desembarques caiu de 3,3 milhões, em 2015, para 2,8 milhões em 2016. O decréscimo em Cuiabá ficou mais de duas vezes acima do registrado em todo o país.
Os dados foram divulgados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) na última semana. Em 2016, foram realizados 1,42 milhões de embarques e 1,40 milhões de desembarques em Cuiabá. Há dois anos, foram 1,65 milhões de embarques e o mesmo número de desembarques.
Do montante geral, os voos regionais foram os que mais sofreram com o recuo. Do total, 794,9 mil embarques e desembarques em 2015 foram de operações regionais. Esse valor caiu para 466,2 mil no ano passado, o que representa uma queda de aproximadamente 41,3%.
Acompanhando o movimento de queda, porém com menos intensidade, os voos nacionais também foram afetados. Em 2015, foram calculados 2,4 milhões de embarques e desembarques de voos nacionais, enquanto no ano passado esse número baixou para 2,2 milhões, queda de aproximadamente 8%.
No Brasil inteiro, a queda na movimentação foi de 7%. No ano passado, foram registrados 104,3 milhões de embarques e desembarques no país, enquanto no ano anterior esse registro havia ficado em 112,3 milhões.
Setor
De acordo com presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Mato Grosso (Abav/MT) e proprietário da agência Montreal Turismo, Joari Proença da Cruz, a diferença de mais de 470 mil embarques e desembarques entre os dois anos mostra que o setor não escapou das dificuldades que o Brasil tem sofrido.
“A crise política que o país está passando deixou o brasileiro muito mais pensativo sobre seus gastos. Então todo mundo repensou suas viagens e planejou melhor, dificilmente alguém viajou por impulso. E isso refletiu em todos os segmentos do turismo. Em Cuiabá nós vimos alguns hotéis fecharem por causa disso”, explicou.
Ele defendeu que o setor aguarda alguns progressos nesse ano de 2017, mas fez questão de ressaltar que o contexto internacional poderá influenciar a movimentação nos aeroportos do país.
“Nós acreditamos que a crise política e econômica brasileira deve melhorar. Mas nós estamos na expectativa sobre o governo Trump também. Hoje os Estados Unidos são um dos países de origem mais comum que visitam o Brasil e Mato Grosso. Então estamos atentos às medidas que ele deve tomar”, pontuou.
Oiram Gutierrez, empresário e presidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Mato Grosso (Sindetur/MT), afirmou que questões de demanda foram analisadas pelas empresas aéreas e por isso também refletiram nos números finais.
“Houve um enxugamento da malha, o que gerou até a devolução de algumas aeronaves por parte de empresas como a Gol e a Tam. Com isso, acabou diminuindo o número de assentos também. Além disso, as pessoas pisaram um pouco no freio, com medo de comprar uma passagem mais cara e ser demitida depois, isso fez com que elas deixassem a viagem para depois”, lembrou.
Apesar das dificuldades, Oiram disse que o setor em Mato Grosso tem passado por uma boa fase. Ele argumentou que acredita que após a Copa do Mundo o estado conseguiu bons avanços, que tendem a aumentar com o passar dos anos.
“Apesar de alguns percalços, como alguns monumentos que não andam e que acabam indo para a Justiça, como é o caso da Salgadeira, o Governo [Estadual] tem avançado naquilo que pode avançar, como é o caso da infraestrutura. E isso ajuda muito o setor do turismo”, disse.
Oiram disse que os representantes do turismo estão confiantes em um ano melhor, já que alguns indicativos apontam para esse caminho. “Esse mês de janeiro foi muito melhor do que o ano passado e até nos surpreendeu. A nossa perspectiva é que o crescimento durante o ano talvez acabe alcançando os dois dígitos, caso essa movimentação desse início de ano continue. Nós acreditamos nisso por causa de situações como a quantidade de feriados prolongados que terão esse ano, também. Em anos assim, as vendas sempre aquecem um pouco”, argumentou.