Infraero manterá representante no conselho de dona de Confins
A prorrogação, semana passada, do empréstimo-ponte pelo BNDES à BH Airport, dona do aeroporto de Confins, em Minas Gerais, não encerra o conflito entre os sócios da concessionária. O presidente da Infraero, Antônio Claret de Oliveira, diz que manterá o representante da estatal no Conselho de Administração da empresa, apesar do pedido da CCR, um dos sócios privados da BH Airport, para que ele seja afastado.
Para a CCR, há conflito de interesse, pois a Infraero também administra Pampulha, terminal que será reaberto para voos domésticos de longa distância a partir de janeiro. O temor é que voos do aeroporto de Confins migrem para o concorrente, afetando a receita da empresa.
— Não vamos mudar nosso representante (o diretor da Infraero Eduardo Stuckert Neto) no Conselho. Ele responde por quaisquer decisões como pessoa física, por isso, as defende com responsabilidade — afirmou Claret. — A reabertura de Pampulha tem embasamento técnico. Queremos fazer apenas voos de ponte aérea lá, não vamos concorrer com Confins.
Confins fica a cerca de 40 quilômetros de Belo Horizonte, enquanto Pampulha está na capital mineira, a menos de dez quilômetros do Centro. Desde 2005, o aeroporto de Pampulha só recebe voos com jatos executivos ou regionais. Em outubro, o Ministério dos Transportes baixou portaria reabrindo Pampulha para voos interestaduais. A Gol será a primeira a estrear um novo voo, para Congonhas, em 20 de janeiro. A decisão provocou insatisfação entre os sócios privados de Confins e a BH Airport entrou na Justiça para tentar barrar a abertura de Pampulha.
BH AIRPORT: ‘PLANO ÁGUA ABAIXO’
Segundo o presidente da Infraero, estudo da consultoria Roland Berger estima o número de passageiros em Pampulha em 1,5 milhão em 2018 nesta primeira fase de retomada dos voos — a capacidade do aeroporto é de 2,2 milhões de passageiros. Já a estimativa de aumento de receita operacional gira em torno de R$ 22 milhões no ano que vem. Claret não dá detalhes sobre quando o terminal voltaria a dar lucro. Hoje, ele está na lista dos outros 36 aeroportos explorados pela Infraero que são deficitários. No total, são 57 sob administração da estatal. Segundo Claret, ainda não há dados dos possíveis impactos da operação de Pampulha sobre o fluxo de passageiros de Confins.
Não é o que pensa o presidente da BH Airport, Adriano de Pinho. O executivo lembra que, em 2016, quando Confins e demais aeroportos foram afetados pela recessão, a queda no número de passageiros foi de 14,8% ante o ano anterior. Com a recente melhora da economia, a expectativa é fechar 2017 com alta de 6,8% no tráfego aéreo, e a previsão para 2018 era de salto ainda maior (18%), desconsiderando a concorrência de Pampulha:
— Com a reabertura de Pampulha, nosso plano de negócios vai por água abaixo.
Ele conta que a liberação do crédito de longo prazo (de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões) pedido ao BNDES estava prevista para 10 de dezembro, mas, com a decisão do governo de reabrir Pampulha, o banco preferiu reavaliar as condições do negócio. Como o financiamento de longo prazo era necessário para quitar o empréstimo-ponte e este vencia em janeiro, o banco de fomento prorrogou o vencimento para novembro.
Mas Pinho diz que a assembleia convocada para avaliar um aporte de R$ 566 milhões está mantida para 11 de janeiro. A injeção será necessária, caso os novos termos do financiamento do BNDES mudem a ponto de fazerem a BH Airport desistir do crédito. Neste caso, como a Infraero tem 49% da concessionária, ela teria de desembolsar R$ 277 milhões.
Fonte: O Globo